Ela é a principal inimiga das mulheres. Olhar no espelho e ver que a pele começa a ganhar aspecto de casca de laranja torna-se um pesadelo para aproximadamente 95% delas. Ainda mais porque o problema não é privilégio apenas de quem está acima do peso. O nome dessa vilã? Celulite. Ou melhor, distrofia ginóide, sua alcunha científica. “A celulite é uma alteração da estrutura e do funcionamento da pele”, explica a paulista Luciane Scattone, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Pois é essa “modificação” a origem dos indesejáveis furinhos. “O metabolismo de algumas células gordurosas se transforma por diversos motivos - como mudanças hormonais e herança genética -, e elas não conseguem mais eliminar as toxinas com a mesma rapidez e eficiência”, diz Luciane. O acúmulo de resíduos faz com que essas células inchem, pressionando os vasos sangüíneos e dificultando a passagem do sangue. “Com isso, teremos inflamação na região, levando à formação de nódulos, depressões e, em muitos casos, à presença de dor”.
Mas há outros fatores, além dos orgânicos, que propiciam o surgimento da celulite. “A parte ambiental (hábitos alimentares, sedentarismo, uso de pílulas anticoncepcionais, álcool e fumo) também conta muito”, alerta Renato Bakos, dermatologista de Porto Alegre (RS) e membro da SBD.
Zonas de perigo
As regiões do corpo mais afetadas são glúteos, culotes, coxas e abdômen. Nos casos mais graves, porém, os nódulos podem se estender para braços e pernas. Os homens, devido à constituição física, estão praticamente livres do problema. “A celulite aparece mais nas mulheres pela herança genética, oscilações hormonais, excesso de peso e complicações circulatórias”, esclarece Luciane. É por isso que, apesar de ser comum em pessoas gordas, também surge nas magras.
“Estágios”
Na verdade, a celulite pode se desenvolver em graus diferentes (veja quadro ao lado). Ainda há divergências quanto a isso: alguns especialistas defendem a existência de três, outros, de quatro. O fato é que variam de leve a grave. “No grau 1, a celulite é invisível, só aparece apertando a pele. No 2, aparece com leve contração muscular. No 3, é visível; e no 4, o problema é muito intenso, com a pele parecendo mesmo uma casca de laranja”, descreve Bakos.
Cada situação pede um tratamento diferente, mas todas podem ser evitadas com a adoção de um cardápio equilibrado - pobre em açúcares e gorduras e rico em proteínas, frutas, verduras, legumes e fibras -, ingestão abundante de água, abandono de bebidas e cigarro e prática de atividades físicas. “Os melhores exercícios são os aeróbicos (caminhada, bicicleta e natação) e os anaeróbicos (musculação e ginástica). A combinação dos dois é um ótimo remédio”, garante Luciane. “Mas não adianta se matar na academia um dia por semana. É preciso haver regularidade”, fala Bakos
Até as magras sofrem com os furinhos: culpa das oscilações hormonais e das complicações circulatórias Mitos e tratamentos
Refrigerante, cafezinho e comida carregada de sal dão celulite? E calça apertada? A resposta é não - embora eles possam agravar o problema. Com relação aos alimentos, deve-se tomar cuidado é com as calorias. “Os refrigerantes, por exemplo, contêm muito açúcar e fazem a gente engordar. Mas a versão light, quase sem calorias, pode ser consumida normalmente”, afirma Luciane. “E a cafeína vem sendo testada até como opção de tratamento”, revela Bakos.
Há, no Brasil, diversas terapias que prometem eliminar o mal literalmente pela raiz. Os métodos vão desde injeções de substâncias que dissolvem a gordura até o descolamento das depressões com o uso de uma agulha, passando por cremes, géis e medicamentos via oral. Os mais recomendados pelos dermatologistas, porém, são: drenagem linfática, massagem redutora, aplicação de laser, lipoescultura (técnica que retira a gordura de determinada parte do corpo e aplica em outra) e o manthus (ultrassom associado a uma corrente elétrica; os triglicerídeos são fracionados e eliminados pela urina). Qualquer um deles requer acompanhamento médico - já que o tratamento muda de acordo com o paciente - e devem ser combinados a alimentação equilibrada, perda de peso e, claro, exercícios. “Só a associação de várias técnicas faz com que tenhamos sucesso no tratamento da celulite”, finaliza Luciane.
Graus de celulite: Grau 1
A celulite é interna, não é vista nem sentida. Só aparece quando se aperta a pele com força. Se tratada aqui, as chances de melhora são de 100%.
:: Grau 2
Basta uma pequena contração muscular para que os furinhos sejam vistos. A pele tem um aspecto acolchoado, fica amarela quando apertada, e o sistema linfático já está comprometido. Nesse estágio, a possibilidade de melhora é de 80%.
::: Grau 3
Os nódulos são bem visíveis e podem ser sentidos ao toque. Os poros ficam dilatados, há inchaço e começam os primeiros sinais de dor. Com a circulação afetada, a pele fica áspera e fria. Mesmo assim, ainda há 60% de chances de melhora.
::::: Grau 4
é possível ver as depressões até sob a roupa. Agrupadas, as células de gordura prejudicam a circulação; os nervos se comprimem e a região fica endurecida e dolorida. Há dificuldade para eliminar toxinas e o problema só se agrava. A expectativa de melhora é de 30%.
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